Em seu quarto álbum de estúdio, “Fruto Proibido” de 1975, Rita Lee descreve uma mulher contestadora e sem medo na faixa Luz Del Fuego, retrato da artista, dançarina, precursora do naturismo e feminista. A contestação e o destemor de Luz Del Fuego, que causaram furor no Brasil das décadas de 1940 e 1950, podem ser atribuídos à própria Rita.
Uma das qualidades que mais admiro em Rita Lee é sua habilidade de juntar contestação e deboche. Foi com esse espírito irrequieto que ela lançou, em 1976, a música Arrombou a Festa. Segundo a própria Rita, a sua intenção era “escandalizar os bons costumes da MPB”. E não fica pedra sobre pedra na galhofa musical que tem ironia e cutucadas nos músicos brasileiros que estavam em evidência àquela época.
A pândega começa pelo título da música que é uma paródia de um sucesso de Roberto Carlos: Festa de Arromba. A chacota vai comendo solta ao longo da música, alguns artistas são tratados de forma mais branda, mas para maioria sobra ironia e sátira.
É claro que uma parte dos “homenageados” não gostou nem um pouco da gozação feita por Rita, em parceria com Paulo Coelho, e aconteceram algumas reações exaltadas do público com a troça aos seus ídolos. Segundo Rita Lee a sua pilheria só poupou Elis Regina.
Alguns anos depois do lançamento de Arrombou a Festa, Rita “arrombou de novo a festa” da MPB. Em seu álbum “Rita Lee”, de 1979, o primeiro em parceria com o guitarrista, e seu companheiro, Roberto de Carvalho. Este álbum, dos sucessos Mania de Você, Chega Mais e Doce Vampiro, marca uma guinada do rock para um estilo musical mais abrangente e foi um sucesso como Rita jamais havia experimentado.
A última faixa deste álbum, Arrombou a Festa II, traz uma nova lista de artistas “agraciados” com a ironia de Rita Lee. Novamente em parceria com Paulo Coelho, Rita Lee zomba até dela mesma na frase: “E a Rita Lee parece que não vai sair mais dessa / Pois pra fazer sucesso arrombou de novo a festa”
A segunda arrombada segue a mesma linha musical que a primeira, com algumas diferenças rítmicas: a primeira era um rock, a segunda vem acrescida com um tempero de disco music, que era a onda daquele momento no Brasil. A excelente banda Tutti Frutti, que acompanhou Rita entre 1973 e 1978, só participou da primeira música.
Hoje, talvez, as duas canções possam ser consideradas politicamente incorretas, mas é exatamente isto que as torna tão divertidas.
VÍDEOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário